21 de fevereiro de 2017 ― terça-feira
No dia seguinte, voltando para minha rotina,
meu pai acordou-me com um beijo doce na testa:
― Você dormiu de novo na sua mãe... ― comentou
ele sorrindo. ― Aconteceu alguma coisa?
― Não, pai... ― respondi, ainda com sono e num
tom mais baixo, para minha mãe, que ainda adormecia, não ouvir. ― Agora está
tudo bem.
Levantei-me e corri para o banheiro, me trocar
para ir para a escola. Notei que o Yuri não estava em casa, provavelmente estava
na casa do Samuca, então teria que acobertá-lo novamente. O pai perguntou-me se
eu havia visto ele:
― Não pai... ― respondi. ― Mas ele me mandou
uma mensagem que iria mais cedo hoje.
O pai concordou, meio sem acreditar, mas logo
entendeu que Yuri não tinha dormido em casa. Ele sempre se resolvia com a mãe,
quando coisas assim aconteciam. Sai correndo para chegar à escola e encontrar
Yuri, falando para ele mandar uma mensagem para a mãe, pois esta, certamente o
mataria quando chegasse em casa.
No fim da tarde, logo que cheguei do trabalho,
novamente voltei ao passado e fiz vigília na porta do quarto dos meus pais (em
2017), espreitar a conversa, e novamente, a Mizuki-san chegou à porta do
quarto, seguida pelas outras garotas membro do grupo, e me se eu iria entrar,
pois ela queria falar comigo.
Novamente, esperamos todas as garotas
entrarem, para irmos para o quarto dela, que era logo ao lado:
― Você ficou com raiva pelo que eu fiz? ―
questionou ela com um tom de culpada.
― Não… É que eu fico bastante incomodada com
alguém pegando nos meus seios.
― Ah... ― disse sem graça, mas aliviada. ―
Então desculpe...
― Não… Relaxa… ― disse sem graça. ― Eu agi
mal… E fiz você pensar que eu não tinha gostado. ― eu baixei a cabeça, ainda
mais sem graça. ― Entretanto, eu amei o seu beijo. ー falei, e no mesmo momento, ela ficou
vermelha. ― Você tem os lábios tão... Macios...
Murota-chan ficou ainda mais vermelha e sem
graça. Eu então, no impulso, a beijei. Como havia sido impulsivo, ela acabou se
afastando de mim. Então comecei a tocar o rosto dela, de uma forma mais
carinhosa, fazendo carinhos e beijando-a novamente logo em seguida. Queria
ficar naquele momento para sempre. Contudo, depois de um bom tempo fazendo
isso, ela afastou-se de mim, aparentando querer bater um papo.
Acabamos conversando mais um pouco e ela,
ainda sem graça, respirou fundo, e o sussurro em meu ouvido, disse:
― Ei, deixa eu namorar você?
Meu coração começou a disparar de uma forma
que achei que iria pular pela minha garganta.
Em reação, eu apenas fiz que sim, com a
cabeça, baixando-a logo em seguida. Mas depois de um tempo, absorvendo o
pedido, eu comentei:
― Ok, mas… ― respirei profundamente. ― Você
tem certeza?
― Eu não sei o que aconteceu comigo ontem... ―
ela respirou fundo, arrumando coragem. ― Mas eu senti que eu queria muuuito
você. ― comentou, sem graça. ― Eu não sei se eu sou… Bem, você sabe… ― ela
parecia realmente incomodada com a ideia.
― Mas eu queria muito, muito mesmo, ficar com você.
A Murota parecia muito convencida do que
estava falando. Ela parecia esta mesmo "a fim" de mim. Então, eu
apenas consenti, beijando-a de uma forma mais romântica e até mais demorada. Eu
quis passear um pouco dentro da boca dela, e o fiz. Ela, perdendo a vergonha,
acabou fazendo o mesmo, e senti sua língua deslizar no céu da minha boca,
suavemente. Parecia que ela não queria me deixar escapar. Depois de um tempo
trocando fluidos labiais, uma das amigas dela, que dormiam naquele quarto, a
Kanna acabou entrando no mesmo, sem anuncio e ficou estática com a cena que ela
vira.
― Mi…Mizu…Ki…chan… ― murmurou quase que de
forma inaudível. ― Nani-o? (o que…)...
― Eu… Eto (é…)… ― Mizuki-chan apenas baixou a
cabeça sem reação.
Eu me levantei, e logo fui para perto da
Kanna, que ainda estava na porta, até segurando para ninguém entrar, tentar
explicar o que estava acontecendo. Depois de um tempo de explicação, a Kanna
entendeu o ocorrido, e me prometeu sigilo. Contudo, quando ela sentou ao lado
da Mizuki para entender dela o que estava acontecendo, ela "deixou"
Rina-chan, o 3º membro que dormia naquele quarto, entrar.
A mesma ouviu apenas uma parte da conversa, e
ficou sem entender nada, mas manteve uma cara bastante assustada. Fiz sinal
para ela esperar, e a mesma assentiu, sentando-se na cama que ficava ao lado de
onde a Murota dormia. Fui para a porta
do quarto, espreitei o quarto do meu pai e o da minha mãe, e chequei para ver
se não tinha ninguém lá. Depois de checado, entrei no quarto, e me certifiquei
que a porta estaria segura. Solicitei sigilo absoluto da Rina-chan, e
aproveitei e reforcei com a Kanna. Depois que eu terminei, a Rina ficou uma
mistura de surpresa e felicidade pela Murota:
― Então, vocês estão namorando? ― olhei para a
Mizuki, e ela assentiu. ― Que ótimo!! ― Rina-chan abriu um sorriso de
felicidade.
Kanna, ainda incrédula, apenas achou estranho,
mas, ainda assim, ficou feliz pela clara felicidade da amiga:
― Mas…Você não é gay? É?
Mizuki achou a pergunta engraçada, pois se ela
gostava de mim, significava que ela era gay?
― Não… ― disse Murota sorrindo. ― Eu acho que
não. ― completou com um pouco de medo estampado na voz. ― Mas eu... Gosto de
estar em companhia da Mayuki. ― ela comentou, apontando para mim.
Kanna sorriu até um pouco aliviada, o que fez
a Murota sorrir:
― Tudo bem então... ― disse ela olhando pra
Rina, que concordou. ― Se você está bem com isso, nós também estamos.
― Si... Sim! ― concordou Rina.
As garotas aproveitaram o cair da noite para
dar um cochilo. Enquanto eu e a Murota, fomos ao futuro. Eu disse a ela que eu
a levaria na minha casa, mas tive que contar que eu, na verdade, vinha do
futuro. De inicio, ela não acreditou, mas quando chegamos na minha casa, ela
entendeu tudo. Como eu tinha as chaves, como eu conhecia tão bem a casa. Eu
morava lá.
Perguntei se a Murota não queria ficar, e ela
aproveitaria e conheceria meus pais.
Ela disse que sim, então sorriu. Eu disse a
ela, que a presença dela era especial, e que eu queria por um motivo especial,
que ela estivesse lá. Murota encontrou meu irmão no corredor. Logo de cara, ela
olhou pra mim, em seguida pra ele, e repitiu isso mais umas 3 vezes:
― Vocês são gêmeos...?
― Não… Somos peixes... ― disse o Yuri
sorrindo.
― Não… É sério…
― É sério… ― disse brincando.
― Sim, somos... ― comentei dando um
tapinha na cabeça dele.
― Ela já te disse que hoje é nosso
aniversário…?
― Não… ― comentou olhando pra mim, que
apenas deu de ombros.
― Pois é… Somos Peixes! ― disse ele
sorrindo e saindo para a cozinha.
De lá, eu pude ouvir a voz da Mãe e do Pai,
pra variar, discutindo, sobre como deveria ser, ou não, a nossa festa. Logo que
ouviu a voz familiar, a Murota me questionou:
― É a Aya-san? Eu quero vê-la... ― eu
imediatamente puxei-a pelo braço, impedindo ela de seguir.
― Eu sinto muito… ― disse com a cabeça
baixa. ― Você ainda não pode vê-la.
― Mas é ela, certo?
― Sim, é... Mas depois eu te
explico... ― disse respirando fundo. ― Ou melhor, você vai entender em breve.
Depois de ter ficado um pouco triste como o
fato, Murota soltou um: "Ainda?", então saímos para meu quarto, um
tanto escondidas.
Minha mãe, sempre muito perceptiva, soltou um:
― Mayuki, é você?
Então eu respondi:
― Sou sim, fala…
― Vem aqui um minuto? ― eu nem tinha fechado a
porta do quarto ainda, quando, quando a Mizuki fez menção de sair. ― Já vou...
Respondi, me virando para a Mizuki:
― É sério… Desculpa, mas agora não dá pra você
encontrar com ela. Eu tenho que explicar... Daqui a pouco, eu volto, então por
favor, não saia daqui.
Ainda com um pouco de raiva, ela consentiu,
então sai do quarto, direto para a cozinha, saber o que minha mãe queria.
― Oi, mãe… ― disse revirando os olhos.
― Ei, não revire os olhos para mim…
― Desculpa...
― Hump... ― disse ela virando-se pra
mim. ― Onde a Srtª. estava?
― Poxa, mãe. Eu só saí um pouco quando
sai do trabalho, com a Erika e a Ayala.
Mamãe sempre viu as duas como: "minhas
amigas mais responsáveis", apesar de serem minhas irmãs mais velhas, então
me deixava sair com elas sem problemas.
― Alias... Você vive perguntando onde
que tá a Mizuki-san…
― Hum… ― comentou ela com indiferença.
― Eu posso chamá-la pra festa...?
― Você conseguiu falar com ela?
― Posso ou não?!?
― Tá bom…! ― resmungou ela. ― Olha…
Você gosta mais do vermelho ou do azul?
― Azul! Por quê? ― questionei curiosa,
mas ela não respondeu, e virou-se para meu pai.
― Então tá! Azul pra ela, vermelho pra
ele.
Então meu pai deu um “ok”, e dispensou-me e
junto com o Yuri, que ainda estava na cozinha, roubando docinhos.
― Yuri!!! ― gritou ela.
Eu, arrastada por Yuri, saímos
gargalhando.
― Valeu pelo toque hoje de manhã... ―
comentou Yuri.
― Relaxa...
― Maninha… ― disse Kiseki, meu irmão
mais novo.
― Oi, Kiseki.
― Quem é aquela garota no seu quarto?
― questionou curioso. ― É amiga sua?
― Sim, é a Murota-chan…
― A Murota-chan? ― disse confuso. ―
Ela não era mais velha?
― Kkkkkkk… Sim… Mas não conta pra
mãe...
― OK! ― concordou ele.
― Shiii... ― começou Yuri, puxando a atenção
para ele. ― Ela é do passado... ― comentou Yuri num sussurro, o que fez Kiseki
ficar com os olhos arregalados.
― Wow...!!! ― disse ele surpreso. ― E como é
lá, Yuri?
Os dois saíram conversando, e eu aproveitei
para entrar no quarto.
Logo que entrei pulei na Mizuki, que me
abraçou, enquanto assistia TV quase dormindo. Beijei-a e deitei-me ao lado
dela.
― E ai?
― Então… Como o Yuri disse, hoje é nosso
aniversário... E daqui a pouco vai começar a festa. ― comecei, em um tom de
suspense.
― Então perguntei se eu poderia chamar você,
ela disse que tudo bem... ― disse sorrindo.
Ela estranhou um pouco o fato de eu precisar
perguntar a Aya se ela poderia ou não vir à festa, mas não falou nada.
― Você especificou pra ela o ano? Tipo, falou
que eu viria do passado...?
― CLARO QUE NÃO… Você é doida? ― ela fez cara
de medo. ― Eu não posso falar ainda. Afinal, você não conhece ela?
― Conheço… E como…
― Então… Do jeito que ela é iria, não, VAI me
matar quando descobrir…
Quando deu 8hs da noite, e minha mãe começou a
gritar para mim e pro Yuri irmos lá fora, falar com o pessoal que já tinha
chegado para a festa. Como de costume, todas as amigas da minha mãe estavam lá,
exceto pela Sakitty (que depois que se descobriu com magia, seguia sempre em
treinamento) e a Murota (a da minha época, sempre estava escondida ou sumida
pelo mundo, agora eu tinha uma suspeita do por que...).
Logo, eu e Yuri fomos pra frente de casa.
Falamos com Sakaki, Yuuka, Moe, Akari, e todas as outras que chegavam à medida
que se passava o tempo. Minha mãe então se virou para mim:
― Você não disse que chamaria a Murota?
― Sim… ― Kanna fez menção de falar
"como", mas eu a impedi. ―… Mas ela me mandou uma mensagem avisando
que só iria chegar na hora do parabéns.
― Ah, tá...
Conversamos durante uns 20 ou 30 minutos, até
que a Mizuki (de 2017), que estava deitada em minha cama, me mandou uma
mensagem com os dizeres: "Estou com fome, quando começa?".
Avisei a minha mãe que logo entrou junto com
meu pai, para arrumar as coisas e o bolo. Eu avisei as meninas, para não
estranharem, e convenci elas a fazer surpresa pra meus pais. Comentei com as
que não sabiam, que eu namorava a Mizuki, e elas logo quiseram fazer protestos
com isso, e algumas, como a Kanna e a Rina, que já sabiam da história, me
ajudaram a explicar tudo.
Murota surgiu escondida do corredor, e logo as
garotas comentaram que ela estava diferente e radiante. Com a cabeça baixa por
causa dos comentários, Mizuki ficou envergonhada e curiosa pelas garotas,
afinal, todas elas estavam diferentes do que a Mizuki conhecia (em 2017).
Depois de um tempo esclarecendo as coisas, minha mãe entrou na sala, cantando:
ー
Parabéns pra você… ― começou, e logo fora acompanhado de todos presentes na
sala. ― Nessa data querida… Muitas felicidades…~ Muitos anos de vida…~ ー
disse ela, com o bolo nas mãos, colocando-o em cima da mesa.
Logo que vi o bolo, entendi o porquê da
pergunta dela e do pai: Dois bonecos, uma menina de azul, e um menino de
vermelho; estampados em cima do bolo. Eu e Yuri nos entreolhamos e nós
soprarmos as velas juntos.
De repente, notando a “coisa estranha” presente
na sala, minha mãe olhou subitamente para mim:
― MAYUKI WADA... ― meu coração gelou. ― O que
significa isso?! ― disse ela, fazendo menção a Mizuki.
― Então… Mãe… ― disse eu querendo me esconder.
― Essa é a Mizuki, ué… (xD)
Depois que eu pronunciei a palavra “mãe”, me
referindo a Aya, a Mizuki entendeu.
― Mayuki… ― disse ela bufando. ― Porque?
― Porque… Porque… ― comentei tentando achar
explicações válidas para a presença da Murota (de 2017) ali. ― Então… Eu…
Gosto… Dela… ― vi minha mãe querer desmaiar,
quando eu terminei a frase. ― Mãe… Desculpa… Eu … Sou… Gay... (u.u).
― Mas… Você não namorava um menino…?
― Então… Mas eu não gosto de ser submissa,
mãe… Fora que… ― baixei novamente a cabeça, como se aquilo fosse me ajudar de
alguma forma a me acalmar e dar-me coragem. ― A ideia de ter um garoto, ainda
mais como ele, me agarrando de novo, e a ideia de… Bem você sabe… Me
incomodam... Me perdoa…
― Eu…
Minha mãe parecia mais chocada com a revelação
do que com a Murota ali, que sem graça, apenas sorria, e parecia que ela iria
chorar e/ou desmaiar:
― Mayo…
Ela correu, me abraçou, e desabou em lágrimas:
― Eu entendo… E está tudo bem… Se você estiver
feliz, eu estou feliz.
Disse ela sorrindo.
Todos ficaram surpresos e calados, mas depois
do meu desabafo, meu pai chegou próximo a mim, e me abraço, junto a minha mãe.
Então, enfim, todos ali presentes, acabaram ficando aliviados. Depois de todos
comerem e beberem, as garotas, amigas da minha mãe foram indo embora pouco a
pouco, então depois de um tempo fomos todos dormir.
Como a Murota não tinha como voltar, pois
estava tarde, minha mãe foi "obrigada" a deixá-la dormir em casa, e
como o quarto do Yuri estava ocupado, pois o Yuri já namorava há um tempo com o
Samuca, e o da Mirai e do Kiseki tinha apenas as camas dos dois, ela acabou
deixando a amiga dormir em meu quarto.
― Agora acho que já sabemos onde você se
esconde, não é Mizuki? ― comentou minha mãe.
Sem entender nada a Mizuki olhou para mim,
confusa:
― Então... É que você de 2033, que é esse ano
que estamos agora, vive sumida, escondida. ― comentei. ― E quando tentamos
contato com você, você/ela, apenas não responde. Minha mãe disse que isso já
acontece já há algum tempo, desde que vocês eram da Hello!Project.
― E não somos mais?
― Não! Claro que não...
― Que?
― Ei, calma... Aqui você tem 33 anos. Vocês
saíram não tem muito tempo.
― Aaaah...
― Pois é... ― disse sorrindo. ― Então... A mãe
diz que você quase sempre sumia. E quando aparecia era nos ensaios, shows e
gravações. Fora das câmeras, você sumia.
― Por que?
― Provavelmente, você estava em seu futuro...
― Ah...
― Comigo...
― ? ― ela pareceu confusa. ― E como você sabe
disso?
― Você me disse que um dia, uma pessoa chegou
em você, e desde então vocês não se separam.
― Você?!?
― É. ― ela sorriu. ― Agora que você já sabe
seu próprio segredo, podemos namorar?
― Defina namorar...
― Apenas me deixa...
Eu comecei a beijá-la. E ela retribuindo, me
abraçou. Depois da festa, quando todos os convidados se despediram, eu e Mizuki
seguimos para meu quarto. Como não poderia deixar de ser, minha mãe acabou
pegando no meu pé, insistindo para levar a Mizuki para casa (2017).
― Mãe… Já passa das 11horas da noite… ―
argumentei. ― Deixa ela ficar aqui, só por essa noite…(😊)
― Tá…(😒) ― disse bufando. ― Mas amanhã pela
manhã, você leva ela de volta.
― OK! ― falei arrastando a Murota para meu quarto.
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por: Mayuki (Mayo) Wada
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