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de fevereiro de 2017 ― quarta-feira
Fomos para o passado, novamente, onde deixei a
Murota em casa (2017), que ainda estava sonolenta. Quando a deitei na cama, ela
me segurou no pescoço murmurando para eu não sair de perto dela. Eu avisei que
voltaria para buscá-la outras vezes, e ela me beijou nos lábios.
Voltei para 2033, quando corri para o banheiro
tomar banho para e ir à escola, logo em seguida, pois já estava um pouco
atrasada. Troquei de roupa, e coloquei minhas coisas na mochila. Me arrumei e
procurei por Yuri, ele tinha me esperado. Saímos logo em seguida.
Fui para a escola e no começo da tarde,
cheguei em casa para almoçar e seguir para o trabalho. Comecei a ter espasmos e
sentir uma dor imensa, onde ficava meu implante, para controlar meu corpo. Como
ele era experimental, havia momentos que ele acabava falhando, e acabava
desligando algumas funções básicas, e eu acabava não conseguindo controlar meu
corpo por inteiro. Então depois de um tempo em agonia, comecei a gritar pela
minha mãe, que naquela hora, era quem fazia o almoço, e estava na cozinha:
― MÃAAAAAAAAEEEEEE... – disse sentindo uma dor
quase insuportável.
Ela correu ao meu encontro, me colocando em
seu colo, com a cabeça virada para o lado que não tinha o implante.
― Está tudo bem, meu amor... Se acalma... –
disse ela tentando me acalmar, colocando a minha cabeça em seu colo.
Pouco a pouco, pude sentir a voz dela sumindo,
percebi que minha audição estava indo embora aos poucos. Junto a isso, minha
visão, também foi ficando cada vez mais escura, até eu não conseguir ouvir ou
ver nada. Depois de um tempo, eu comecei a sentir a voz dela, em seu peito. De
repente, senti uma coisa molhada cair em meu rosto. Algo estava suando em meu
rosto.
Minha mãe sempre foi uma pessoa muito
sensível, e isso me deixava meio sem graça de demonstrar algum tipo de fraqueza
perto dela, pois ela sempre acabava desabando, por causa disso.
Ela estava chorando.
Eu, não queria que ela chorasse, mas a minha
voz não saia.
Foi então que a abracei. Queria demonstrar pra
ela que estava tudo bem. Eu me sentia fraca, mas eu iria resistir.
Corremos para o hospital, quando as crises
cessaram um pouco mais e eu já conseguia me locomover para ir para o carro.
Minha mãe, correu e ligou para meu pai que estava no trabalho. Meu pai,
desesperado e preocupado, pediu para o Tio Allan o carro e foi correndo para
casa. Ele quem dirigia o carro, enquanto eu, deitada no banco de trás do carro,
no colo da minha mãe.
Eu já estava acostumada com aquele desespero
dos dois, pois sempre fui uma criança meio problemática. Eu tive muitas doenças
graves com febres de quase 42° sempre que eu gripava, quando eu era criança, e
sempre via os dois nervosos para me socorrer. Minha mãe me disse uma vez que eu
cheguei até a pedir desculpas, quando ainda criança, por sempre deixa-los
preocupados, naquela época.
Logo que chegamos ao hospital, quem fez
questão de me atender, foi o médico de sempre. Um, agora senhor, que tinha
atendido minha mãe nas idas dela no pré-natal meu e do Yuri. Como o implante em
minha cabeça tinha sido ideia e inventado por ele, ele sempre
"insistia" em me tratar. Ele mantinha um dispositivo, que alterava a
frequência de choques que o implante dava em meu cérebro, alterando a
capacidade da minha inteligência, e deixando-me sob controle.
Ele me colocou na cama, e conectou o
dispositivo em minha cabeça. Ajustou umas coisas e me pediu pra relaxar. Como
eu não conseguia falar, ele começou a me fazer questões de sim e não para que
eu respondesse com a cabeça. Depois de um tempo em repouso, eu voltei a falar,
meus estímulos, agora controlados, mantinham meu corpo em ordem. Fiquei lá o
resto do dia.
A noite, fui liberada, portando um atestado
para o trabalho. O meu médico avisou que qualquer coisa, poderia ligar para
ele, e deu o telefone para minha mãe.
Chegamos em casa, onde Yuri preparava o
jantar. Já passava das 8hs da noite:
ー
Eu avisei ao chefe que você estava mal,
maninha…
ー
Valew, mano…
ー
Avisei também que você levará o atestado amanhã.
ー
Ok, beleza... Obrigada, mano.
ー
De nada, mana. Eu estou terminando o jantar. Quando estiver pronto, eu te
chamo.
ー
Ok! Pode deixar... Vou tirar um cochilo.
Eu fui deitar logo em seguida. Depois de
algumas horas de cochilo, minha mãe bateu em meu quarto:
ー
Mayo, olha quem eu trouxe pra você? ー começou ela, acompanhada da Murota-chan.
ー
Oh... ー
falei surpresa. ー Mizuki-san... ー ela deitou-se ao meu lado.
ー
Vou deixá-la dormir aqui, porque eu fiquei preocupada com você. ー
disse minha mãe.
ー
Ok, mãe... Obrigada.
Murota-chan virou-se para mim:
ー
Eu senti sua falta.
ー
Eu também senti. ー disse beijando-a.
ー
Você quer que eu cuide de você?
ー
Quero.
ー
Então deita aqui. ー disse ela apontando para a barriga.
Eu fiz, e logo em seguida, eu acabei
adormecendo. Murota ficou alisando minha cabeça e cantando suavemente uma
melodia, semelhante a que minha mãe cantava para mim, quando eu estava doente,
quando eu era criança:
ー
A Aya-san, costumava a cantar isso pra gente, quando alguma de nós estava mal.
Ela deve ter cantado pra vocês também.
ー
Sim, ela ainda canta. ー comentei, ainda sonolenta. ー
E isso sempre me acalma.
ー
Então acho que acertei em cheio. ー disse sorrindo.
Ela continuou cantando, com uma voz bastante
suave. Após um tempo, a voz do meu irmão ecoou pela casa, chamando todos para
jantar. Eu, Murota, meu pai e minha mãe fomos para a sala de jantar. Meus
irmãos menores, Mirai e Kiseki tinham dormido na casa dos meus primos, pois no
dia seguinte, iriam para a escola, logo cedo, com meus tios.
Quem nos acompanhava no jantar, também era meu
cunhado tão amado, Samuel Tsugunaga. Ele sempre que podia, ajudava Yuri a
cozinhar. E a comida dela era tão boa quanto da mãe e do meu irmão.
ー
Olá, Murota-chan. ー começou meu pai, logo que sentamos na mesa. ー
Bem vinda.
ー
Obrigada. ー disse ela em agradecimento.
ー
Você vai comer o que?
ー
O que tiver. ー disse sorrindo. ー Eu como de tudo.
ー
Ok, então, sirva-se. ー disse Yuri, colocando os pratos sob a mesa.
Todos começaram a colocar as comidas em seus
pratos. Comemos e conversamos, até que deu 10hs da noite, e minha mãe, seguida
por meu pai, levantaram-se da mesa, avisando que iriam dormir. Samuca, que
tinha ficado com meu irmão na cozinha, ajudando-o a cozinhar, foi recolhendo as
coisas da mesa. Eu a a Murota nos juntamos aos dois.
ー
Vocês estão juntos há quanto tempo? ー questionou Mizuki.
ー
Há uns 5 meses. ー começou Samuca. ー Mas só estamos namorando há 3.
ー
Vocês parecem se dar muito bem, juntos.
ー
Sim.
Eu e Yuri nos afastamos dos dois que seguiram
conversando. Nós eramos muito bons em nos manter escondidos. Especialmente
dentro de casa. E assim, o fizemos.
ー
Eu acho que eles dois fazem uma ótima dupla. ー comentei num sussurro para Yuri.
ー
É verdade. ー concordou. ー Se precisarmos deles, para procriar,
você "cede" a Murota-chan pra mim, hehehehehehehe (xD)?
ー
Só se você me der seu namorado emprestado, hahahahahahaha (Cx).
ー
Topo. ー
dissemos em uníssono, selamos nosso acordo, apertando nossas mãos.
Sorrimos logo em seguida, quando nossos
companheiros começaram a chamar por nós, nos procurando:
ー
Mayo... Onde você estava? ー questionou Murota-chan, olhando pra mim com
cara de tristeza.
ー
Yuri, onde você estava? ー perguntou Samuca.
ー
Estávamos escondidos de vocês. (xD) ー falamos como um só. ー Estávamos confabulando ideias.
ー
Sobre? ー questionaram os dois juntos.
ー
Vocês!
Murota
e Samuel olharam para nós sem entender.
ー
Deixem pra lá. ー falamos e saímos, eu levando a Mizuki-chan, e
meu irmão levando o Samuel, pelo braço.
Eu e Murotan, deitamos na cama, e ficamos
conversando. Já passava das 11hs da noite, quando caímos no sono juntas.